quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Vocação Sacerdotal

 Antes de tudo, algumas dicas para discernir a vocação sacerdotal:

1. Rezar
A priori, o vocacionado deve orar bastante durante seu discernimento vocacional. A oração é o único meio de nos comunicarmos com Deus. Peça a Deus sinais sobre sua vocação.

2. Participar de encontros vocacionais
Os encontros vocacionais auxilia o vocacionado a discerni sua vocação. Estar presente em encontros é também fundamental na etapa de discernimento vocacional.

3. Pedir conselhos ao pároco
O jovem vocacionado não deve esconder esse desejo, ele deve pedir ajuda, conselhos, em especial para um padre. O sacerdote irá ajudá-lo da melhor forma.

PROVAÇÕES

Primeiramente, “não confundam vocação com aptidão, nem profissão, nem vocabilidade. A vocação é uma questão religiosa. Vocação retrata o sonho de Deus em Cristo para cada um de nós” (Dom Henrique Soares). O chamado ao sacerdócio não é uma decisão nossa de querer ser padre, mas um chamado de Deus que, primeiro, vem o anseio de ser presbítero no interior e depois ele é confirmado pelo exterior. É o Senhor que coloca no recôndito do nosso coração o desejo de ser sacerdote. Não é fácil aceitar esse chamado, pois logo surge pensamentos temerosos que se apresentam como entrave, por exemplo: o medo de deixar a família. O Senhor disse a Abrão: “Deixa tua terra, tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que eu te mostrar” (Gn 12, 1).

As provações está presente em todas as vocações, seja elas sacerdotais, episcopais, diaconais, matrimoniais, vida consagrada e em toda realidade. A provação é um tempo difícil, onde todos, sem exceção, passamos diariamente. A provação não se apresenta de repente como uma forte tempestade, mas como "gotas" dia após dia. Quando o jovem sente o chamado de Deus para servir ao sacerdócio, necessariamente, ele precisará se preparar para a provação (cf. Eclo 2, 1). A aflição não é algo que devemos temer, mas confiar em Deus, porque é no momento da fraqueza do ser humano que Deus mostra a sua força. Já dizia São Padre Pio: "Não tema, pois Deus o acompanha. Você sofre, mas tenha confiança também que o próprio Jesus sofre em você e por você". O sofrimento que padecemos não é castigo, mas sim uma provação para você, jovem vocacionado, mostrar sua fidelidade para com Deus através da oração. Metaforicamente falando, se você consegue levantar apenas um carro, Deus nunca te dará um caminhão, ou seja, Deus conhece todos os limites da força humana . Por isto, não se preocupe tanto com a provação ao ponto de gerar ansiedade, Deus nunca dará um fardo que você não suporte (cf. 1Cor 10, 13). 

A provação que o jovem passa durante a caminhada sacerdotal é, sobretudo, a saudade da família. No entanto, com a oração, essa dor é amenizada. Eis aqui, a relevância da oração. O jovem, durante seu discernimento vocacional, deve rezar sempre. Santa Teresinha do Menino Jesus vem nos dizer: "A oração é a respiração da alma", isto é, sem a oração a nossa alma é debilitada. O vocacionado, por meio da oração, deve suplicar sempre ao Senhor para revelar cada dia mais sinais sobre sua vocação. O tempo difícil, as provações, angústias, tribulações só serão vencidas se você se manter perseverante no Senhor por meio da oração. Não tem como fugir das provações, ou você vence ela (através da oração), ou será vencido por ela (se não orar). “Não fujas das mãos do Artífice e não temas: Deus permite as tentações, não para te arruinar, mas para fazer-te mais forte”

Uns são como o profeta Isaías: "Eis-me aqui" (cf. Isaías 6, 8). Outros são como Moisés, colocam obstáculos, isto é, fruto do medo (cf. Êx 3, 11. 4, 10-13). Assim como Deus disse a Moisés, que era gago, o Senhor diz para nós: “Quem deu uma boca ao homem? Quem o faz mudo ou surdo, o faz ver ou o faz cego? Não sou eu, o Senhor? Vai, pois, eu estarei contigo quando falares, e te ensinarei o que terás de dizer” (Êx 4, 11-12). Indubitavelmente, Deus está sempre conosco, é Ele que nos dar força e coragem para enfrentarmos as provações que vierem. Por isso, não há o que temer se confiarmos, autenticamente, em Jesus Cristo. “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça” (Is 41, 10). Por essa razão, vocacionado, você precisa confiar em Deus para enfrentar os medos que irão surgir, os quais tem como objetivo  impedir você de aceitar o chamado do Senhor. Infelizmente, muitos vocacionados desistem da vocação sacerdotal, mesmo sentindo o anseio, pois o medo os corrompe.

Vocacionados, nunca esqueçam, a vocação sacerdotal é uma missão que Deus confiou a vocês. As vezes nos questionamos: "Sou tão simples, incapaz, não tenho condições financeiramente", "Sou muito novo", "Não sei falar em público", e tantos outros questionamos bobos. Moisés, que era gago, Deus o fez libertador do povo de Israel. Jeremias, jovem e imaturo, Deus fez dele um grande profeta. O apóstolo Paulo, o assassino de cristãos, tornou-se o maior pregador de todos os tempos. Saibam de uma coisa, Deus quer transformar a sua vida, Deus quer mostrar aquilo que você acha que impossível no possível. Deus escolhe os esquecidos, os que acham que são incapazes. Assim como Deus escolheu o apóstolo Pedro, simples pescador, para ser pontífice de Sua Igreja, Deus escolhe você para ser sacerdote.

"Não tenham medo de perder a vida por Jesus, Ele é a única causa que vale a pena!" (Dom Henrique Soares). 

RENÚNCIA DE SI

Com efeito, não é fácil a renúncia de si, pois a natureza humana, manchada pelo pecado original, é "agarrada" excessivamente com as coisas mundanas. Mas Jesus nos diz: "Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e me siga" (Lc 9, 23). Por isto, o jovem que sente o chamado de Jesus para servi ao sacerdócio, necessita renunciar a si mesmo. Ademais, é notório e comum os elementos que obstruem a renúncia de muitos vocacionados: a pornografia, o vício nos jogos eletrônicos, a intemperança na bebida, etc. "De fato, que adianta um homem ganhar o mundo inteiro, se perde e destrói a si mesmo?" (Lc 9, 25). O jovem vocacionado, que sente o ardor pelo sacerdócio, precisa erradicar de sua vida o mal do século: a pornografia. Veja o testemunho  edificante:

“A pornografia e a consequente prática da masturbação era o que mais afetava em minha vida. Quando estava na rua, por consequência da pornografia, eu olhava sem cessar para as partes íntimas das mulheres, pois aquilo era totalmente prazeroso, ainda mais para um jovem escravizado em conteúdos pornográficos. Todo os dias me masturbava, duas ou três vezes por dia. A cada dia eu sentia mais vontade, tinha dias que eu tentava parar, mas não conseguia. Lembro que um dia falei para mim mesmo: "Masturbação não é pecado, é algo natural do homem", veio esse pensamento e fala simultaneamente, como se eu me masturbasse não tivesse problema algum, mas na verdade tinha e era grave. O que ajudava também, infelizmente, no vício da masturbação, era as fotos eróticas, vídeos de meninas dançando sensualmente, ou seja, não era só a pornografia com explícita nudez, mas fotos eróticas e vestes "curtas" também. Com o passar dos anos, cada dia mais viciado em pornografia, meus tios me chamaram para rezar o Terço da Misericórdia, começamos pedindo perdão a Deus por todos os nossos pecados, nesse momento expus todos os problemas, falei que não iria mais me masturbar e supliquei ao Senhor que me libertasse de tal vício. Mesmo depois da noite de oração, no próximo dia, eu fracassei com o Senhor, me masturbei novamente. No entanto, durante a masturbação, eu senti muita vergonha, coisa que eu não sentia tanto antes. E disse: "Senhor, não irei fazer isso novamente", me arrependi, autenticamente, daquele pecado mortal. E no dia seguinte, eu parei de seguir páginas, sites, perfis de meninas que postava fotos eróticas, e tudo aquilo que influenciava para hesitação dos órgãos genitais. Até hoje, nunca mais me masturbei, nem assisti pornografia. Isso tudo, foi fruto da oração, sem dúvidas, Jesus nos ouve. Hodiernamente, sinto abominação por esse pecado grave que cometi em minha vida. Constato algo para vocês:  Ninguém consegue se libertar sozinho, pode até tentar, mas logo voltará ao vício. Somente Jesus pode nos libertar verdadeiramente. Palmas e glórias não sejam dada a mim, mas a Deus que me libertou desse vício hediondo que é, infelizmente, muito comum entre os jovens. Hoje  eu não sinto só o desejo de testemunhar esta libertação que aconteceu em minha vida, mas sinto também o desejo de ser padre.”

Sem dúvidas, a oração é poderosa, e se confiarmos verdadeiramente no milagre de Jesus em nossas vidas, a libertação, de fato, acontecerá. Não conseguimos renunciar a si mesmo sem contar com a mediação de Deus. Se não queremos a intervenção de Deus em nossas vidas, se tornamos autossuficientes. Por esse motivo,  o vocacionado precisa orar e suplicar a Deus, confiantemente, a libertação de todos os vícios na sua vida, pois  tudo o que o ser humano mais precisa é da mediação de Deus.

Além disso, a renúncia de tudo tem que ser por amor a Cristo. A renúncia precisa ser genuína e fiel, afinal, "se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo" (Lc 14, 33).  É preciso deixar tudo para seguir Cristo. É necessário renunciar todas as paixões enganadoras. A renúncia é esvaziar de tudo aquilo que nosso coração está cheio: calúnias, desdém, prepotência, autossufiência, e tantas outras iniquidades. É preciso abandonar todas essas maldades que corrompem a santidade de muitos vocacionados. O jovem vocacionado precisa encher-se da Palavra da Deus, e sempre buscar, a cada dia, ler e meditar a Bíblia. Destarte, se o vocacionado optar mais pelos quatro Evangelho, ele terá uma visão afável e saberá discernir a vontade de Jesus. Dessa forma, tendo uma leitura bíblica por dia, o jovem, pouco a pouco, deixará de ser mundano e viverá conforme o Evangelho.

O nosso maior inimigo somos nós. Primeiro, precisamos nos libertar de nós mesmos. O homem se julga tanto, e com o decorrer dessa prática de autocondenação, acaba-se gerando escrúpulos, pessimismo e tantos outros problemas que acabam adoentando a vida espiritual. O vocacionado precisa desviar desse caminho que leva a alma ao abismo e buscar, cada dia, cultivar as virtudes. O Reino do Céu exige esforço (cf. Mt 7, 13), ou seja, não pensem que buscar o caminho da santidade será uma grande alacridade. Contrariamente, São Padre Pio nos responde o que significa a verdadeira santidade: "A santidade significa preferir a pobreza em vez da riqueza, a humilhação em vez da glória, o sofrimento em vez do prazer. Significa viver com humildade e conduzir os próprios deveres segundo a razão única de agradar a Deus".

A renúncia não é despojar dos dons que Deus nos concedeu , mas sim despojar daquilo que faz mal para alma e ofende a Deus: soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja, acídia. De fato, o vocacionado precisa deixar de viver segundo os instintos egoístas e viver segundo o Espírito (cf. Gl 5, 16). O vocacionado não deve deixar a renúncia para amanhã. Imagine que Deus viesse hoje para julgar todos, e você não tivesse renunciado ao pecado, não podemos negar que foi invigilância. Por isto, nunca deixe para amanhã, viva o presente, viva o hoje. Lembremos de São Mateus que, depois de Jesus ter o chamado, deixou tudo e seguiu Jesus imediatamente (cf. Mt 9, 9).


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